"Vós, mulheres, sede submissas”: a governamentalidade da sexualidade da mulher cristã em Goiás

Autores

  • Rayane Ferreira de Souza Universidade Federal de Jataí
  • Tiago Cassoli Universidade Federal de Jataí

DOI:

https://doi.org/10.5281/zenodo.14975537

Palavras-chave:

Mulher; Cristã; Goiás

Resumo

Este artigo trata de uma investigação baseada no relato de vivências subjetivas de um dos autores atravessadas por distintos afetos e implicações, considerando que o cristianismo moldou, durante um longo período, a construção identitária do que é “ser mulher”. O método cartográfico, aplicado no acompanhamento do diário de anotações (acrescido de poemas, citações, notícias, ditados populares, práticas discursivas e passagens bíblicas), busca promover reflexões, desnaturalizando e potencializando transgressões frente ao modelo instituído a partir do seguinte questionamento: “A mulher é sujeito a ser governado pela religião”? Donde o objetivo geral do trabalho é pensar o impacto dos discursos fundamentalistas na construção subjetiva da sexualidade da mulher cristã. O estudo justifica-se por buscar fortalecer diálogos contrários a posturas pautadas na mansidão e inferiorização das mulheres nas instituições religiosas cristãs, e visa incitar novos estudos na área, dada a carência de artigos com as palavras-chave “mulher”, “cristã” e “Goiás”. Baseado nos dados levantados e analisados, os resultados parciais apontam que no Estado de Goiás ainda são predominantes pensamentos e atitudes conservadoras, machistas e misóginas, enquadrando a subjetividade feminina aos ideais de uma mulher virtuosa: casta, temente a Deus, obediente ao marido, mãe dedicada e cuidadora.

Biografia do Autor

Rayane Ferreira de Souza, Universidade Federal de Jataí

Psicóloga, graduada pela UFJ - Universidade Federal de Jataí.

Lattes: http://lattes.cnpq.br/2191408711503301

Orcid: https://orcid.org/0009-0002-2888-6088

Tiago Cassoli, Universidade Federal de Jataí

Doutor em psicologia (psicologia e sociedade) pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho - UNESP, mestre em psicologia pela Universidade Federal Fluminense - UFF, professor do Curso de Psicologia e do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Federal de Jataí.

Lattes: http://lattes.cnpq.br/3605178273280112

Orcid: https://orcid.org/0000-0002-9751-124X

Referências

BARROS, Laura Pozzana; KASTRUP, Virginia. Cartografar é acompanhar processos. In: PASSOS, Eduardo; KASTRUP, Virginia. In: ESCÓSSIA, Liliana da (Orgs). Pistas do método da cartografia: pesquisa-intervenção e produção de subjetividade. Porto Alegre: Sulina, 2015, p. 52-75.

BARROS, Regina Benevides.; PASSOS, Eduardo. Diário de bordo de uma viagem-intervenção. In: PASSOS, Eduardo; KASTRUP, Virginia; ESCÓSSIA, Liliana da (Orgs). Pistas do método da cartografia: pesquisa-intervenção e produção da subjetividade. Porto Alegre: Sulina, 2015, p. 172-200.

CHAUÍ, Marilena. Repressão Sexual: essa nossa (des)conhecida. 3ª ed. São Paulo: Brasiliense, 1984.

DELEUZE, Gilles. O que é um dispositivo? In: ______. O mistério de Ariana. Lisboa: Veja, 1996.

FOUCAULT, Michel. Em defesa da sociedade. São Paulo: Martins Fontes, 2000.

______. História da sexualidade I: A Vontade de Saber. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1988.

______. Microfísica do poder. Organização e tradução de Roberto Machado. 7ª ed. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1979.

______. Omnes et Singulatim: uma Crítica da Razão Política. Tradução: Heloísa John. Novos estudos CEBRAP, n. 26, p. 77-99, mar. 1990.

______. O nascimento da biopolítica: curso no Collège de France (1978-1979). São Paulo: Martins Fontes, 2008.

JOÃO BOSCO & VINÍCIUS. Chora, me liga. Compositor: Euler Coelho. In: Curtição. Intérprete: João Bosco & Vinícius: Sony Music, 2009. (3:01). Disponível em: https://youtu.be/PMJlGNNlItM?si=2PjAkPj5XdxvLxmD. Acesso em: 20 set. 2024.

LEMOS, Cassio Fernandes; OLIVEIRA, Andréia Machado. Mapeamento, processo, conexões: a cartografia como metodologia de pesquisa. Paralelo 31, v. 1, n. 8, mai 2017. DOI: https://doi.org/10.15210/p31.v1i8.13299. Acesso em: 15 mai. 2024.

NASCIMENTO, Maria Lívia; LEMOS, Flávia Cristina Silveira. A pesquisa-intervenção em psicologia: os usos do diário de campo. Barbarói, n. 57, p. 239-253, 5 jul. 2020. DOI; https://doi.org/10.17058/barbaroi.v0i57.14675. Acesso em: 18 mai. 2024.

PASSOS, Eduardo.; EIRADO, André do. Cartografia como dissolução do ponto de vista do observador. In: PASSOS, Eduardo; KASTRUP, Virginia; ESCÓSSIA, Liliana da (Orgs). Pistas do método da cartografia: pesquisa-intervenção e produção de subjetividade. Porto Alegre: Sulina, 2015, p.109-130.

PIPG - PRIMEIRA IGREJA PRESBITERIANA DE GOIÂNIA: O Sexo no Casamento: Deveres e Direitos - 1 Coríntios 7: 1-5 | Rev. Herley Rocha, 18 de ago. 2021. Disponível em: https://youtu.be/RSqiIOG0fVk?si=IFDCiYkx24pDcQpF. Acesso em: 15 de ago. 2024.

SOCIEDADE BÍBLICA DO BRASIL. Bíblia Sagrada. Tradução: Nova Almeida Atualizada (NAA). Barueri-SP: Editora Ampliada, 2017.

ZANELLO, Valeska. A prateleira do amor: Sobre mulheres, homens e relações. 1. ed. Curitiba: Appris, 2022.

ZANELLO, Valeska. Saúde mental, gênero e dispositivos: cultura e processos de subjetivação. Curitiba: Appris, 2018.

Downloads

Publicado

2025-03-05

Como Citar

Ferreira de Souza, R., & Cassoli, T. (2025). "Vós, mulheres, sede submissas”: a governamentalidade da sexualidade da mulher cristã em Goiás. Cadernos Do LPPP UFJ, 2, e0202. https://doi.org/10.5281/zenodo.14975537

Edição

Seção

Artigos Originais